Empreender pode se parecer muito com uma novela. No capítulo de Vale Tudo, a vilã Odete Roitman (Débora Bloch) anunciou à sócia Raquel (Taís Araújo) que o restaurante da mocinha seria fechado. Na ficção, a decisão partiu de um conflito de interesses, mas, na vida real, os motivos costumam ser mais objetivos: dificuldades de gestão e de sobrevivência em um ambiente de negócios instável.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada quatro empresas empregadoras no Brasil não resiste ao primeiro ano. O levantamento “Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo” mostra que apenas 76,2% dos negócios abertos em 2017 estavam ativos em 2018. A taxa de sobrevivência é ainda mais preocupante: apenas 37,3% permaneceram operando após cinco anos.
O retrato estatístico revela uma realidade dura. Em 2020, foram registradas 210,7 mil “mortes” de empresas por encerramento de atividades ou interrupções de mais de dois anos. O dado reforça a necessidade de olhar para o empreendedorismo com menos romantização e mais estratégia, principalmente em relação à gestão financeira.
Planejamento financeiro como protagonista
A sobrevivência de um negócio depende, sobretudo, de um bom planejamento. Compreender a diferença entre custos fixos e variáveis, calcular a margem de lucro e saber o ponto de equilíbrio é essencial para evitar prejuízos e garantir que cada venda contribua para o crescimento da empresa.
Essas práticas permitem que o empreendedor tome decisões embasadas, saiba onde cortar gastos sem comprometer a operação e consiga projetar cenários futuros. Mais do que vender, a prioridade de quem está começando deve ser estruturar as finanças para que cada recurso seja usado com inteligência.
A falta de clareza sobre custos e receitas pode levar empresas a acreditarem que estão crescendo quando, na verdade, estão apenas aumentando dívidas. O ponto de equilíbrio, por exemplo, funciona como um “painel de controle” para entender exatamente quanto a empresa precisa faturar para cobrir despesas e, a partir daí, gerar lucro real.
Separar pessoal do empresarial
Um dos erros mais comuns entre pequenos e médios empreendedores é misturar o dinheiro da empresa com as finanças pessoais. Usar a mesma conta bancária para despesas do negócio e gastos individuais gera uma grande confusão e dificulta o acompanhamento da saúde financeira.
Definir um pró-labore fixo, registrar todas as movimentações financeiras e manter contas separadas são práticas simples, mas eficazes. Essa divisão proporciona uma visão mais realista sobre a performance do negócio e evita decisões baseadas em impressões equivocadas.
Além disso, contar com ferramentas de gestão financeira ajuda a acompanhar o fluxo de caixa, prever sazonalidades e identificar gargalos antes que eles se tornem insolúveis. A disciplina no controle e a clareza nos registros são fatores que aumentam as chances de longevidade empresarial.
Tecnologia como aliada do empreendedor
Se, no passado, organizar as finanças de um negócio exigia cadernos e planilhas manuais, hoje a tecnologia oferece soluções mais ágeis e acessíveis. Softwares de gestão, aplicativos de fluxo de caixa e plataformas de automação contábil estão ao alcance de empresas de diferentes portes, muitas vezes com custos reduzidos.
Uma dessas ferramentas é a conta digital, que se tornou um recurso indispensável para quem busca separar finanças pessoais das empresariais sem complicações. Além de possibilitar a abertura e a movimentação online, essas contas oferecem funcionalidades como emissão de boletos, transferências, cartões empresariais e integração com sistemas de gestão.
Com uma conta específica para o negócio, o empreendedor consegue ter maior controle sobre entradas e saídas, analisar relatórios detalhados e reduzir burocracias bancárias. Mais do que conveniência, trata-se de uma estratégia de sobrevivência: manter os recursos da empresa organizados e separados da vida pessoal é um passo essencial para evitar falências precoces.